Afogando-me

15/01/2019 17:37

Volto a afundar

Sinto os dedos gélidos do pânico

Em volta da minha garganta sem ar

Quando a água escura cobre minha boca

Águas profundas e densas

Escuras

Sinto a correnteza me levar

E cedo à ela

Nado junto à corrente

Cansei

Cansei de me afogar no turbilhão que enche o meu

peito

Aprendi a nadar junto às ondas

Não vou afundar

Não vou me afogar

Em mágoas guardadas

Palavras não ditas

Lágrimas contidas

Neste mar eu não repouso

Afogar-me-ei só em lágrimas de Iemanjá

No dia em que as verdadeiras ondas salgadas me chamarem de volta

Por hora, deixo-me transbordar.