Afogando-me
Volto a afundar
Sinto os dedos gélidos do pânico
Em volta da minha garganta sem ar
Quando a água escura cobre minha boca
Águas profundas e densas
Escuras
Sinto a correnteza me levar
E cedo à ela
Nado junto à corrente
Cansei
Cansei de me afogar no turbilhão que enche o meu
peito
Aprendi a nadar junto às ondas
Não vou afundar
Não vou me afogar
Em mágoas guardadas
Palavras não ditas
Lágrimas contidas
Neste mar eu não repouso
Afogar-me-ei só em lágrimas de Iemanjá
No dia em que as verdadeiras ondas salgadas me chamarem de volta
Por hora, deixo-me transbordar.